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estou esgotado. vamos ver se esta noite consigo descansar.
quase me saem os cones dos olhos, de tanto estudar.
as pessoas são todas tristes. tristes, mal humoradas e frustradas. já não se vê ninguém a sorrir.
hoje de manhã, fui de autocarro para a universidade. ao olhar pela janela, dei-me conta das expressões que os condutores de ligeiros faziam, logo de manhã cedo. uns apáticos, outros com a testa franzida, outros com ar de indignação e uns quantos de aspecto vazio no rosto. e, de repente, sobressai um rosto de uma senhora, talvez com os seus 60 e muitos, quase sem rugas - as que tinha pareciam as chamadas "rugas de riso" - e a sorrir, enquanto conduzia. a sorrir, em plena hora de ponta, no meio do trânsito! e lá avançou, toda contente, em direcção sabe-se lá para onde. entretanto, a minha atenção foi voltada para as pessoas dentro do autocarro e constatei o mesmo que se passava com os condutores: apáticos, tristes, aborrecidos, frustrados. (confesso que algumas expressões me transmitiam mais a sensação de dor de barriga provocada pelo acumular de gases, mas, no final, também esses estariam frustrados devido aos gases que não conseguiriam expelir). tudo isto quando o sol brilhava nos seus rostos, quando provavelmente não lhes falta nem comida nem roupa, nem família nem amigos. é este o mundo em que vivemos. mal-agradecidos desde nascença crescem numa sociedade cada vez mais podre nos valores que promovem a igualdade, mas através da hipocrisia.
pensei em tudo que tenho, em quão me posso considerar uma pessoa feliz e sorri. a vida não é tão complicada quanto parece. nós é que a fazemos assim ser. e isso não faz sentido nenhum.
ao final da manhã, quando caminhava na rua, voltei a reparar no mesmo: rostos sem sorrisos. o mais próximo de um sorriso que se pode encontrar parecem ser altíssimas gargalhadas, dadas por grupos de adolescentes que pensam ser muito crescidos, provavelmente devido à desgraça de alguém que estariam a criticar.
sorriam. sorriam como a senhora que vi hoje. sorriam, que já não se vê ninguém a sorrir.