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hoje, sentiram-se os 32 ºC ao sol. se a primavera está assim tão quente, temo o verão deste ano.
sobre o vinte e cinco de abril, só posso dizer que os cravos me parecem murchos há bastante tempo.
a)
b)
c)
a noite é a) cega, b) surda, c) muda.
24.04.2011
a minha família morreu. sim, está morta e enterrada. não lhe resta nada.
as pessoas que trabalham nos laboratórios de análises clínicas devem ser das mais infelizes de sempre, porque as pessoas cagam para elas. literalmente.
estou há horas a trabalhar em algo que acredito vir a ser, eventualmente, uma obra poética. e não vou parar tão cedo.
(03:27)
um comboio, uma tempestade, um arco-íris encarnado
o galopar leve e longínquo de um comboio aumenta a sua intensidade enquanto se aproxima desta estação, quase vazia. sincroniza-se com o bater do meu coração e, cada vez mais perto o comboio, mais forte é este bater. de olhos cerrados, sinto-o varrer-me o frio da cara à medida que por mim passa, com a pressa de chegar a sítio algum, e a corrente de ar foi tal que deu o meu cachecol ao vento, fruitivo do meu fechar de olhos, enquanto por ela espero.
o cachecol encarnado, pelo vento levado, esvoaçou e o pobre homem, coitado, agarrá-lo tentou. um vislumbre do céu ao longe mostrava negras nuvens a correrem à estação, talvez queiram apanhar o comboio, mas o comboio já passou. o aviso de uma qualquer passagem de nível gritava, era só o que ali se escutava. e quando as nuvens, enfim, chegaram, viram que o comboio havia já partido. então, ali se ouviram trovões que delas vinham: não chovia, no entanto, mas as pessoas, que eram poucas, ainda fugiam, excepto o pobre coitado, que procurava o cachecol encarnado.
caia a chuva, ao de leve, talvez, que o sol se deita no horizonte. e se é tão forte, este vento, que leve as nuvens fora daqui. olha, acalmaram, já não gritam, agora choram. cai a chuva, finalmente, que o sol já se deita no horizonte. são raios de luz penetrantes em gotas de água, que me fazem sorrir, neste fim de tarde. o comboio passou e não parou: ele não veio, como esperava, e aqui o espero, só, abandonada. e o que é isto, aqui no chão?, deixa-me apanhá-lo, está tanto frio. perdeu-o alguém?, mas achado não é roubado. neste inverno, hei-de querer aquecer-me, mas ele não está, e o encarnado fica-me bem ao pescoço.
14.04.2011