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#621

Pedro Simão Mendes, em 07.05.14

hannibal quote

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às 21:55

do azar

Pedro Simão Mendes, em 07.05.14

boa sorte, costumamos desejar. como se a sorte pudesse ser boa ou má. se certos acontecimentos são mais do que acaso, se existe sorte, então ou se a tem, ou não se a tem. e quando não se tem sorte, tem-se azar.

fui assaltado algumas vezes. duas vezes na rua (das duas, curiosamente separadas por exactamente um ano, roubaram-me o telemóvel) e três vezes, assaltaram-me o carro, que é da minha irmã (das duas primeiras vezes, deixei o carro aberto - roubaram um isqueiro que a minha irmã lá tinha da primeira e, da segunda, levaram-me algum dinheiro da carteira, que tinha deixado lá; da terceira vez, abriram o carro, sem sinais de arrombamento, e levaram-me o portátil, a máquina fotográfica, um saco com roupa, entre outras coisas).

 

esta última vez aconteceu na semana passada, na madrugada do dia três de maio. era o aniversário dela. ela não gosta muito do seu aniversário e, por isso, este ano, tentei planear algumas surpresas que a deixassem contente e que a fizessem voltar a gostar de festejá-lo. fomos tomar café com os amigos, fui ao carro buscar o bolo para cantarmos os parabéns, tranquei-o e voltei para o bar. cantámos os parabéns e algum tempo depois, íamos para outro sítio. chegámos ao carro e estava aberto: tinham levado o que descrevi acima. além do valor monetário dos objectos, perdi imensos documentos e fotos que ainda não tinha guardado. foda-se, é preciso ter azar! no saco de roupa, estavam três prendas que ela me tinha oferecido: um perfume, a t-shirt do blog e o mp3 à prova de água. foda-se, foda-se, foda-se. um colega nosso tinha o carro aberto também, com sinais de arrombamento (levemente arranhado), mas não lhe levaram nada - não tinha nada para levarem. que sorte.

 

poderia tentar ser positivo e pensar pelo menos não levaram o carro, ou vá lá, não nos aconteceu nada de mal. ainda assim, considero sempre o facto de a empresa da minha mãe (e onde o meu pai trabalha) estar na merda há 6 anos, não sair da cepa torta e estarmos com dificuldades económicas (e, apesar de estar numa fase de implementação de um plano de recuperação, não me parece que haja perspectivas de melhoras para breve). paralelamente, sabia que o portátil estava a dar o berro, mas estava a tentar adiar o mais possível comprar um novo - agora é impossível - precisava de um emprego para consegui-lo; precisava de um emprego para juntar dinheiro para investir nuns óculos (estou algo míope) e numas palmilhas ortopédicas (tenho os pés tortos e há cerca de 5 anos que uso as mesmas palmilhas); precisava de juntar dinheiro para o segundo mestrado que vou fazer em lille, no programa erasmus, no próximo semestre e para aproveitar a oportunidade e visitar algumas cidades europeias.

 

neste panorama, não tenho tido a capacidade de ver algo de positivo nos últimos tempos da minha vida.

 

mas, digam lá, é preciso ter azar, não?

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às 21:30



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