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há muito que não colocava fotografias aqui. mas tenho fotografado com mais frequência, e publicado no instagram. podem sempre seguir-me, ou ver a galeria clicando no símbolo, no cabeçalho do blogue. esta foto foi tirada em Berlim.
odeio dias de inverno assim, cinzentos, e chuvosos. parece que nos fazem sentir também melados, sem cor, algo perdidos entre o preto e o branco. são estes dias que convidam a preguiçar ao máximo, vendo as horas passar, na cama ou no sofá, sem sequer ter despido o pijama.
e na verdade um dia assim seria, e é, o domingo ideal de muita gente. sê-lo-ia também para mim, se tivesse alguém que me acompanhasse na morrinha ociosa que este tempo traz consigo e que se arrasta vagarosamente para cima de nós, e nos pesa como chumbo, e nos faz querer não levantar seja para o que for.
é em dias como o de hoje que se pode colocar o conhecimento cinematográfico e/ou televisivo em dia. e foi exactamente o que eu fiz: perdi-me com Sherlock e comecei a acompanhar Taboo. mas, claramente, ter companhia teria tornado o passar do tempo mais agradável, e esta sensação pesada que sinto no corpo (por não ter feito literalmente nada de útil) talvez aqui não estivesse.
talvez.
Ir, quase sem planos. Berlim é a cidade.
Sentir-te longe e querer-te comigo, ou a mim contigo.
As palavras que leio e a língua que ouço são estranhas aos sentidos. Vou visitando locais, sem os perceber, apreender. Mas vejo a vida dos berlinenses passar. E eles não vêem a vida uns dos outros. Não por serem frios, nada disso; porque aceitam e respeitam a independência de cada um.
Aqui, a arquitectura moderna funde-se com a do século passado no objectio de recuperar os edifícios destruídos na guerra. E essa fusão de passado e presente quase sempre resulta muito bem.
E tu, que não me sais do pensamento, esteja eu na rua vagueando sozinho, ou em casa do meu amigo discutindo notícias como a tomada de posse de Trump; ou vendo um filme, ou as obras de arte de um qualquer museu.
A viagem ainda não acabou, mas posso já dizer que em Berlim gostei muito de duas coisas: a imensa variedade de locais e pessoas, que se torna uma miscelânea multicultural em formato de metrópole; e a forma como, ao virar de qualquer esquina, encontramos algo digno de imortalizar em fotografia, desde uma fusão de natureza e cidade, a um simples padrão de azulejos. Tudo, em Berlim, é belo, se descobrirmos o ângulo certo para olhar.
Berlim, 22 de Janeiro de 2017
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Está é sempre frio, aqui. Lá fora, vá; dentro dos transportes, ou edifícios e casas, está-se muito quente - pode estar-se em t-shirt. A diferença de Berlim é que a amplitude térmica do dia é muito pequena, e quando está apenas 1 ºC, a temperatura mantém-se assim todo o dia, e toda a noite. É impossível não ter frio lá fora. Mas depois, ao contrário do que acontece em Portugal, o isolamento dos edifícios compensa com temperaturas muito mais confortáveis do lado de dentro.
Ontem esteve sol. Foi engraçado ver os berlinenses tentarem fazer a fotossíntese por breves instantes. É que aqui o sol desaparece muito depressa. Nesta altura do ano, o anoitecer dá-se pelas 16h30, 17h00.
Hoje nevou. Sair de casa para enfrentar o último dia desta aventura com neve a cair, deixou-me de sorriso na cara. Ver neve cair numa cidade foi muito bom. Ter estado em Berlim foi muito bom. Mas faltaste tu.
Berlim, 23 de Janeiro de 2017
passei o dia a pensar em ti
anoiteceu
ainda penso
escrito a 16.01.2017
«O amor é como o mar: refresca corpo e alma, salga e cura as feridas. É, aparentemente, infinito e, ora revolto e selvagem, ora calmo e silencioso, é explorável à superfície ou nas suas profundezas. O amor é também como as marés: vai, e vem, por vezes cheio, por vezes vazio. E é como a chuva: leva consigo as mágoas que guardamos, apaziguando o coração.
Esta Espera deu-se à beira-mar e nela trouxe à tona três amores para contar, e a dor de, na sua ausência, aguardar. E eu fui aquele metal que, esperando junto ao mar, oxidou.»