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quando a tua pele toca a minha,
e a tua língua abraça a minha,
e a tua saliva me cobre o corpo,
e o teu amor me alcança a alma por dentro,
sinto que, unicolor, me desfaço em arco-íris.
escrito a 19.05.2017
"no alarms and no surprises please (let me out of here)"
o porto tem a magia de me fazer apaixonar novamente de cada vez que o visito. desta vez reapaixonei-me não só pela cidade e pelas suas ruas molhadas, como também por ele, uma e outra vez.
amo amar-te
e transparentemente
ser uníssono
contigo.
escrito a 07.05.2017
nota: este texto foi escrevinhado perto do meu viségimo quinto aniversário (passado outubro), levemente editado agora. achei engraçado partilhar. (a última parte foi escrita agora)
lembras-te daqueles momentos em que, como adolescente, só querias atingir a maioridade? ter 18 anos era, achavas, como uma meta que te permitiria fugir às decisões impostas pelos outros – poderias, finalmente, tomar as rédeas da tua vida. só que não foi bem assim. a única diferença é que depois dos 18, o tempo ganhou asas e a vida passou-te toda à frente, num ápice. foi tudo tão rápido que por volta dos 22 já te tinhas apercebido de que o tempo passa depressa demais e que não há volta a dar. a vida é mesmo assim.
agora, com 25, pensas que começas a ficar velho. estás à mesma distância dos 20 e dos 30. ainda há uns dois anos brincavas com os teus amigos trintões, por serem velhos, e agora os 30 estão a espreitar ao fundo da esquina. como é que o tempo passou tão depressa?
mas o pior são os sinais do tempo a passar. estás a ficar careca… é triste, mas os genes que vieram do teu pai deram-te entradas maiores que a pista de aterragem do aeroporto Sá Carneiro; as dores das costas, cada vez mais frequentes: talvez seja o peso da idade. mas depois pensas melhor, e afinal percebes que é mais provável terem sido as más posturas ao longo da vida, e mais recentemente, de passares o tempo todo alapado no sofá, e de trabalhares numa caixa de supermercado porque na tua área de estudos não é assim tão fácil de arranjar emprego, e não conseguiste aquela bolsa da FCT para um doutoramento.
depois olhas ao espelho e vês que não é só a idade, vês que cresceste mesmo. é a tua ex-namorada de sete anos e meio te oferecer uma prenda de aniversário das mais significativas que alguma vez alguém te deu, e perceberes que não faz mal estar só, que está tudo bem, e que aquela relação foi boa enquanto durou, e por ter durado tanto, foi especial. é teres a capacidade de reconhecer que ninguém se arrepende de nada, e que as coisas mudam, naturalmente, e é altura de seguir em frente. é guardares tudo o que foi especial numa caixa de cartão, e sonhares com um amor parecido.
é reconheceres que podes procurar adultos responsáveis como tu, para sexo sem compromisso, e está tudo bem. mas infelizmente o tinder não funciona assim tão bem, e é-te complicado encontrares raparigas interessantes dispostas a isso. mas que por outro lado, encontrar rapazes é bastante fácil. é entender que é possível amar mais do que duas pessoas simultaneamente.
é perceberes que com os 25, os 30 estão à porta, e por isso, sentes uma vontade enorme de fazer tudo o que ainda não fizeste. então, vais viajar. e arriscas, finalmente arriscas, e vais. é olhar o futuro e, mesmo que não vejas coisa nenhuma, continuas a andar.
estes foram os meus 25, mais coisa menos coisa.
***
entretanto, mais coisas se passam, e o tempo continua a correr. percebes que afinal, mesmo aos 25, não tens maturidade emocional para continuares numa vida de tinder. e que procurar um porto-seguro com quem queres partilhar os bons e os maus momentos é-te muito mais agradável. percebes que és capaz de amar novamente, e que depois de tanto tempo, tens muitos medos. finalmente conseguiste uma bolsa de doutoramento e vês que a vida anda para a frente. então, ter 25 anos é também querer sair da casa dos teus pais, e querer ser (mais) independente. é finalmente assumires quem és perante o mundo, mesmo que não queiras saber o que o mundo pensa. é perceber que não é fácil ser-se adulto, mas ter a esperança de que coisas boas acontecem porque, afinal de contas, percebes que és boa pessoa. é querer continuar a ser boa pessoa, e tentar ser melhor pessoa. é tentar ver o que há de bom nas outras pessoas. é sentir que coisas boas podem mesmo acontecer, e que o futuro pode, eventualmente, ser risonho. apesar dos medos, apesar das dúvidas, apesar do desconhecido.
"o coração, se pudesse pensar, pararia."
sou claramente um idiota. como assim, ainda não li o livro do desassossego? não sei. mas já me arrependo de não ter começado mais cedo.
tanta triste beleza me trazem estas palavras do enorme fernando pessoa.
quando, num congresso, os colegas brasileiros acham que um "porto de honra" é um prémio que foi atribuído a alguém.
há números redondos. 800 parece-me um bom exemplo disso. hoje, são oitocentos os posts neste blogue. muitos deles inúteis, confesso. mas fizeram parte do meu dia-a-dia deste 2010, e por isso todos merecem a mesma atenção.
o post oitocentos serve apenas como um reminder para o meu futuro eu se lembrar que, hoje, fui feliz. tendo vindo a ser feliz nos últimos tempos, aliás. apesar do meu whining crónico (é verdade: estou sempre a criticar tudo e todos, e acho sempre que vivo uma vida miserável), tenho a consciência de que, em muitos momentos fui, e sou, feliz.
o dia de hoje, passado com ele, é o perfeito exemplo disso. obrigado, ele.