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são fugazes estes abraços
que me vêm relembrando
quinzenalmente
o quanto te quero
e mais ainda
que a vida pode fazer, até, algum sentido.
escrito a 03.02.2019
estou viciado nesta música. é daquelas que se coloca em repetição até à exaustão.
ao que parece, ser humano faz de mim um monstro.
ninguém gosta de ser criticado, penso que é uma ideia óbvia. no entanto, é inerente ao ser humano julgar e criticar os outros. estamos sempre a fazê-lo. sempre. porque vivemos em sociedade, e faz parte da nossa natureza. também temos tendência a achar que as nossas formas de pensar, de ver o mundo, e de agir são as melhores que há, e que todas as outras deveriam ser como as nossas. e eu, por mais que isso me custe, não sou excepção: sou humano, e julgo as pessoas. confesso, contudo, que tento ser o mais racional possível, tentanto separar as acções e atitudes da pessoa como um todo. por exemplo, tento criticar uma característica das pessoas no geral e não reduzir cada pessoa a esse traço que possui. ou seja (e por exemplo), embora uma pessoa possa ser, genericamente, irresponsável, pode não o ser em todos os aspectos da sua vida. e o facto de eu criticar ou julgar a sua irresponsabilidade num determinado contexto não faz com que eu esteja a criticar toda a sua personalidade, mas somente aquele traço específico (que na verdade me pode irritar em toda e qualquer pessoa, e não apenas naquela pessoa). portanto, as críticas que faço nunca têm o objectivo de ofender ninguém. mais, muitas das pessoas que vou criticando por apresentarem determinada característica que eu não aprecio (meus amigos, familiares, colegas de trabalho) podem até ter (e têm, geralmente) características que gosto ou admiro (e às vezes até invejo) imenso. e tudo isto não implica que eu não goste das pessoas, porque gosto, e todos temos de lidar com os defeitos uns dos outros. faz parte de viver em sociedade.
para mim, escrever aqui no blog é tornar este espaço numa extensão do meu pensamento. escrevo para mim, e não para vocês. é uma estratégia de coping, uma forma de lidar com a minha frustração, ou com pensamentos que de alguma forma me atormentam (uns mais do que outros), e me faz sentir melhor. é uma forma de eu ventilar. escrever sobre as coisas faz-me sentir mais leve, e faz-me também ver os meus problemas de um ponto-de-vista mais distante, permitindo-me avançar sem enlouquecer e sem espancar alguém. o facto de o blog ser público deve-se ao facto de sentir que não tenho de esconder o que penso e, por outro lado, acho que o que escrevo (sobretudo a poesia) pode interessar a alguém. e saber que há pessoas que gostam do que escrevo é um boost ao meu ego que aprecio bastante.
o mais interessante de tudo é que as publicações com mais leituras (ou pelo menos visitas) são precisamente as publicações em que eu me queixo de alguma coisa. pasmem-se, mas é a verdade. não há tanta gente a ler-me quando partilho algo informativo ou artístico como quando partilho um queixume ou um drama qualquer da minha vida. ou seja, parece que vocês, que me lêem, gostam é de ver sangue, gostam do drama. é como as pessoas que criticam os programas de televisão sobre casar pessoas que não se conhecem, ou que são pretendentes de agricultores, ou os conteúdos das revistas cor-de-rosa, mas não perdem um programa, são leitores assíduos da maria e talvez contribuam para o sucesso da cmtv.
sim, este texto acaba por ser uma crítica às pessoas que me criticam por criticar, mas que adoram ler as minhas críticas (que inception se formou aqui). porquê? porque sim, porque este blog é meu, e escrevo o que me apetece. sou perfeito? claro que não, ninguém é perfeito, e eu nunca disse que o era. e, como tal, vocês também me podem criticar. e, sejamos honestos, já o fazem. porque sou um exagerado, um quase hipocondríaco, porque também me esqueço de arrumar merdas e até o meu local de trabalho é um caos, porque sou antipático, frio, muitas vezes arrogante, e pareço má pessoa, entre tantas outras coisas. no fundo, um monstro. e todos os monstros são humanos.
todos estes dias de março
frenéticos e fugidios
para recordar
que a vida não descansa
senão quando termina
escrito a 31.03.2019