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#926

Pedro Simão Mendes, em 22.09.19

«eu confesso que estou com saudade

é verdade eu não posso esconder

fica tão difícil sem você»

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às 10:22

crónicas de mannheim #5

Pedro Simão Mendes, em 21.09.19

  uau, passaram-se duas semanas desde a última crónica, e um mês desde que estou aqui sozinho. o tempo tem passado relativamente depressa, excepto aos fins-de-semana, altura que passo maioritariamente sozinho. é nesses momentos que tenho mais tempo para pensar e reflectir sobre as saudades que sinto, e sobre a solidão que também se faz sentir de vez em quando.

  nestas duas últimas semanas consegui começar e terminar as recolhas de dados do meu primeiro estudo: perfeito. tive a oportunidade de apresentar o trabalho já realizado em portugal, e obter feedback interessante, incluindo algumas sugestões sobre o que fazer na revisão daquele artigo. falei com os meus orientadores, e irei recolher dados em portugal, com a ajuda de uma colega lá do laboratório. ainda assim, paralelamente, tenho de escrever outro artigo, e organizar a próxima experiência que farei aqui. o trabalho tem sido muito, e quase não resta tempo para pensar noutras coisas. também tive de rejeitar uma (choruda) bolsa alemã à qual me tinha candidatado, e que ganhei porque o meu projecto teve "óptima pontuação", por não poder ter duas bolsas a financiarem a mesma estadia. eu a precisar do dinheiro, e ele a "fugir-me". é que também aceitei o convite da minha orientadora para participar num symposium por ela organizado numa conferência aqui na alemanha, em março do próximo ano (e cheira-me que não vou conseguir financiamento da minha escola para isto). entretanto, como estou a pagar duas rendas (uma delas apenas para garantir um local para a minha mobília), a ter despesas elevadas aqui, e ainda terei de arranjar o meu carro (o que, o mínimo, custará uns 300€), estou a estudar formas de poupar dinheiro. sugestões aceitam-se.

  felizmente, os restantes alunos de doutoramento continuam a ser fantásticos, e organizam encontros divertidos onde é possível socializar o suficiente para desanuviar (para além dos almoços em conjunto) e sem gastar muito dinheiro. no dia da minha apresentação, fizemos um jantar na casa de um deles, e eu cozinhei carbonhesa para eles (receita do meu cunhado que é uma espécie de híbrido entre carbonara e bolonhesa). adoraram, e tivemos uma noite agradável (mostrei-lhes ana malhoa). também  com eles visitei bad-dürkheim: fomos a um festival de vinho, que mais parecia uma espécie de s. joão, onde havia comida, bebida, uma roda gigante e outras diversões, e fogo-de-artifício. e ontem fomos a uma festa organizada para todos os alunos de doutoramento da universidade. antes da festa, tivemos um pequeno warm-up todos juntos, onde eu lhes dei a provar tremoços, e  uma espécie de pastéis de nata (foi a minha primeira tentativa). embora o tipo de festa não seja o meu plano ideal de diversão (até kuduro passaram na festa), foram momentos agradáveis.

  enfim, apesar de todas as pessoas e coisas que me fazem falta, mannheim tem sido boa para mim, e estou a gostar bastante de cá estar.

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às 16:02

crónicas de mannheim #4

Pedro Simão Mendes, em 08.09.19

  mais uma semana que passou a correr, maioritariamente pela carga de trabalho que tenho tido. fui a quatro reuniões. a primeira que consiste num workshop que faz parte do programa doutoral da universidade, onde ficou decidido que eu apresentaria o meu trabalho já na semana seguinte (ou seja, amanhã); a segunda foi a reunião do departamento de psicologia, onde se apresentaram os novos membros, e que foi totalmente em alemão; uma terceira, logo depois desta, com a investigadora com quem trabalho, para ultimar os detalhes da minha primeira experiência; e, finalmente, uma quarta, que é a reunião semanal do grupo de investigação em psicologia cognitiva, onde convidados externos e internacionais (e alunos de mestrado) farão apresentações. o aspecto positivo disto é que não terei de ir a todas as reuniões. só às da segunda-feira (onde irei apresentar o meu trabalho), e quando houver convidados externos à universidade.

  no resto do tempo, estive maioritariamente ocupado a programar a experiência. com isso, e a sofrer porque a revista à qual submeti o meu artigo (em julho), já me enviou as revisões. sugeriram major revisions, o que significa que embora não tenham aceitado publicar o artigo como está, há a possibilidade de o fazerem se fizer algumas (bastantes) alterações. por isso, tentei falar com os meus orientadores e só na sexta-feira consegui uma reunião por skype com um deles, que actualmente está na colômbia, na universidade de bogotá. conversámos e a ideia é eu desenvolver um argumento contra a necessidade (de acordo com os revisores) de fazer mais um estudo. ou seja, tenho de criar um argumento suficientemente forte que convença qualquer pessoa que fazer mais um estudo não será assim tão bom como eles sugerem. a ideia é apresentar este argumento aos meus orientadores, e eles decidirem se é suficientemente convincente, ou se é melhor seguirmos com todas as sugestões dos revisores. o problema disto foi o timing. vou agora arrancar com as minhas primeiras recolhas e vou estar muito ocupado, e não vou conseguir estar atento todas as tarefas, porque o meu pensamento vai andar dividido em todas estas coisas diferentes.

  mas nem tudo é assim tão negro. embora nos últimos dias as temperaturas tenham descido imenso (tenho tido frio neste apartamentozinho que não vê a luz directa do sol), e tenha chovido imenso neste fim-de-semana, ainda houve tempo para socializar. na terça-feira encontrei-me junto ao rio com os outros alunos de doutoramento, e comi pizza a ver o pôr-do-sol, e voltámos a jogar kubb (este é o nome do jogo que é uma versão complexa do jogo da malha). a aluna de doutoramento da investigadora com quem trabalho, que é mexicana e só está cá há dois meses, fez anos ontem, e fui jantar com ela (e com uma amiga dela). também aproveitamos para ir ao schlossfest (festival do palácio), que é a festa anual da universidade onde se dá as boas-vindas aos novos alunos. tinha sido engraçado não fosse a chuva. mas houve fogo-de-artifício e música, que foi bastante agradável. também paguei 3€ por uma garrafa de água e chorei um bocadinho por isso.

  entretanto, soube que está um calor infernal em portugal, e que os incêndios fazem novamente parte da época do regresso às aulas. enfim, tem-me passado tudo ao lado. parece que o mundo mirrou, e a minha realidade é apenas esta (e as nossas chamadas por skype), tão pequena, aqui por mannheim. e a realidade de amanhã é: recolhas de dados, uma apresentação para fazer, e uma ida a um supermercado grande em busca de produtos portugueses para um jantar com os alunos de doutoramento.

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às 20:22

calvos

Pedro Simão Mendes, em 06.09.19

sentado à sombra dum carvalho

escuto cigarras cantando.

vozes familiares ao longe

e eu, descansando no teu silêncio,

sei que te amo.

 

escrito a 04.08.2019

 

à sombra dum carvalho

à sombra dum carvalho

póvoa de lanhoso, braga, agosto de 2019

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às 17:17

das palavras favoritas #30

Pedro Simão Mendes, em 05.09.19

fugaz

adjectivo de dois géneros
  1. que foge com rapidez.
  2. efémerotransitóriorápido (em desaparecer).
 

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às 18:04



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