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crónicas de mannheim #9 ou dos vinte e oito

Pedro Simão Mendes, em 30.10.19

   depois da aventura da inundação, as coisas foram-se resolvendo. na sexta-feira conseguiram arranjar a fuga, e já pude ter água no apartamento. por causa das intervenções que o meu apartamento (e o de baixo) terão de sofrer, vão mudar-me para outro apartamento na próxima semana. duas semanas depois, mudar-me-ei para outro apartamento, onde ficarei até voltar para portugal. é chato, mas podia ser pior. depois de um fim-de-semana marcado por descidas repentinas da temperatura (no sábado sol, dezoito graus; no domingo muito vento e máxima de onze), a passada segunda-feira foi marcada pela minha passagem para os vinte e oito anos.

   talvez tenha sido dos aniversários mais solitários de que me lembro, porque basicamente foi uma segunda-feira demasiado normal para quem está a mais de dois mil quilómetros de casa. acordei e fiz um bolo para levar para o escritório. partilhei-o com alguns alunos de doutoramento que me acompanham no dia-a-dia, durante o almoço. o resto do dia foi trabalho, que incluiu a ida a uma "aula" com duas apresentações de outros alunos, e terminar o dia com um jantar com a mexicana que partilha a minha orientadora, e o italiano que também vive na guesthouse. nada de especial, mas suficientemente agradável. o ponto alto foram algumas das mensagens que fui recebendo, e a brincadeira dos meus colegas de trabalho (e amigos) que, em portugal, festejaram "comigo" (uma versão de mim, feita de balão, camisa e papéis). dá para notar que sentem a minha falta, e sentir-me desejado é óptimo.

   por cá, os festejos continuaram ontem, quando cozinhei francesinhas para os alunos de doutoramento. utilizei a cozinha comum da guesthouse e, apesar do stress que a experiência causou, consegui alcançar o sucesso que desejava: eles adoraram. tivemos momentos divertidos, e gostei muito de festejar na sua companhia. eles ofereceram-me algumas lembranças de que gostei verdadeiramente. eles são mesmo pessoas fantásticas. a noite continuou para alguns de nós, na casa de um deles (tínhamos de sair da guesthouse às dez), e a conversa estava tão interessante que acabei por me distrair com as horas. resultado? mais noite mal dormida, que afectou mais um dia de volta ao trabalho. mas amanhã devo ir nadar para aliviar o stress, e depois há festa de halloween com eles novamente. também devo ir ver o joker ao cinema na sexta-feira, e concluir as minhas tarefas mais importantes nestes dias.

   para aproveitar esta onda de coisas a correr melhor, lembrei-me de fazer algo semelhante ao ano passado: reflectir sobre os momentos positivos que vivi ao longo dos meus vinte e sete anos. claro que este exercício retrospectivo não é tão fácil assim (sobretudo com o meu viés depressivo), mas vou tentar. também como no ano passado, o que de mais positivo guardo são as novas experiências, os novos lugares, as novas pessoas que fui conhecendo. para começar, retrocedo ao meu último aniversário.

   sei que festejei com amigos próximos na noite anterior, com a minha família ao almoço, e jantei só com ele na casa de pasto das carvalheiras (talvez o meu restaurante preferido de braga). depois, o mês de novembro incluiu uma ida a lisboa com presença num concerto de príncipe, e o festejar do primeiro aniversário da minha sobrinha. foi também em novembro (acho) que começou a minha aventura rumo a mannheim, quando comecei a planear o trabalho com a investigadora de cá. dezembro, nomeadamente a época natalícia, justificou a ida à wonderland lisboa, ver os pontos negros ao vivo no musicbox e, já em braga, o jantar de natal com os melhores colegas de trabalho, e o tradicional bananeiro com os amigos mais próximos. depois do natal em família, tempo de festejar o nosso segundo aniversário de namoro com uma massagem a dois e um almoço especial.

   janeiro começou com umas breves e frias férias em bruxelas com ele. também comecei a ir ao ginásio (ou seja, recomecei a nadar). em fevereiro, comecei a lidar com a família dele mais frequentemente (fui a casa dos pais dele tomar café pela primeira vez!). em março fui a paris apresentar um póster, e mais tarde vi bruno nogueira no theatro circo. abril trouxe o início de um novo projecto (amp sessions), e algumas mudanças (ele foi para coimbra). em maio visitei évora para o encontro da associação portuguesa de psicologia experimental, e tive uma desculpa para ir a coimbra também. ainda em maio, tive a oportunidade de ver silva ao vivo, e fortalecer os laços com as colegas de trabalho. o calor de junho justificou uma ida ao rio em coimbra, um concerto do filipe sambado, no salão brazil, e uma fugida até vila real para o rock nordeste. ainda em junho, um são joão com fartura(s), e um casamento dum amigo de infância. já em julho, conheci (melhor) a praia da figueira da foz, e ouvi kevin morby ao vivo. finalmente, em agosto, com a minha partida já próxima, tive um óptimo jantar de despedida com amigos, e um piquenique em família (onde ele e a minha mãe disputaram uma partida de badminton). já na alemanha, passei bons momentos com ele em frankfurt e em mannheim. e tive a oportunidade de conhecer as pessoas fantásticas que me rodeiam neste momento.

   resumindo, viagens, música e bons amigos. e basta.

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às 19:22



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