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tento escrever preso no momento - não - dedicado ao momento, neste tempo presente, para capturar a realidade e não somente uma memória. o objetivo é contrariar a falta de palavras que me tem assolado e, portanto, passeio comigo este pequeno caderno e uma caneta.
hoje viemos à praia na costa da caparica, e está um belo dia: vento fraco que não sopra de norte e o mar está super calmo. consigo ouvir o som apaziguado das ondas que o embala e me embalaria também, caso eu deixasse. o nosso guarda-sol ("chapéu-de-sol" para os locais) abana ligeiramente e solta também um ocasional som plástico. há vozes trazidas pelo vento que se fazem próximas apesar da distância.
de genitais e rabos ao léu - experimentámos este ano pela primeira vez a liberdade do nudismo - encaixamos perfeitamente no ambiente circundante. já fomos ao mar e foi maravilhoso. é difícil achar condições como as de hoje para nos banharmos assim. o horizonte funde em gradiente céu e mar, tons de azul que se confundem na distância.
a ansiedade fez uma pausa nos momentos em que me centrei no presente com este exercício de escrita. mas sei que quando for hora de voltar a lisboa, a casa, ela voltará. até lá, tenho os seus beijos salgados e a ondulação refrescante do mar para me acalmar.
escrito a 23.08.2023
na urgência dos dias
emerge uma vontade maior:
parar para respirar.
somente
recuperar o fôlego
antes de voltar
a andar.
escrito a 16.05.2023
há pouco mais de quatro meses tive a oportunidade de participar na terceira edição da exposição arte para todos, organizada pelo iscte. o objetivo é que a comunidade da instituição tenha um espaço para partilhar obras que queiram divulgar de forma pública. esta foi, portanto, a minha primeira exposição a sério.
que queria expor alguns dos meus poemas, já eu sabia quando submeti a minha participação. a escolha do que apresentar e o seu formato foi um pouco mais complexa. no auge da discussão do papel da inteligência artifical nas nossas vidas, achei que seria interessante realçar o problema (ou não) do seu papel na arte. é que em vez de utilizarmos a tecnologia e as ferramentas para nos tirarem o trabalho mais chato e aborrecido, pomos as máquinas a serem criativas. a esse propósito, gostei imenso desta ilustração da mariana a miserável.
a verdade é que, ao longo dos anos, sempre sonhei publicar um livro de poesia. mas sinto-me inapto a compreender os procedimentos burocráticos e legais que fazem parte de todo o processo. uma das minhas ideias era juntar-me a um(a) artista que pudesse ilustrar os meus poemas, e fazer um livro a meias. mas não tenho amizades com artistas da ilustração e, portanto, fui desistindo da ideia. até março de dois mil e vinte e três, quando descobri o illustroke, uma ferramenta de inteligência artifical que faz ilustrações em diversos estilos a partir de uma entrada de texto.
nesta aventura, acabei por selecionar alguns poemas com menção a elementos de terra e de mar. e então chamei à obra "terra//mar". todos os poemas e respetivas ilustrações estão disponíveis no instagram do blog, mas deixo aqui uma amostra para aguçar o apetite, com aquela que considero a ilustração mais bem conseguida de todo o processo. e vocês, o que acham do papel da inteligência artificial na arte?