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há dias em que a tristeza e o cansaço nos invadem e não deixam espaço para mais. ontem foi um desses dias.
mais uma terça-feira caminhando em direção ao metro tendo o curso de especialização que estou a realizar desde abril como destino. a luz do pôr-do-sol quase me cega enquanto escuto mary dos big thief e, atentando na música e no mundo que me rodeia, noto que hoje é claramente um desses impiedosos dias. seria suposto sentir-me assim aos 31, tão cansado do mundo?
ontem foram umas coisas no trabalho que despoletaram este estado, mas tem sido também o estado do corpo, da saúde (ou da falta dela). as noites mal dormidas, acumulando-se, e as dores de costas, ou articulações, que culminam na falta de tempo para ir ao ginásio, cuidar de mim. mais do que a falta de tempo, a falta de energia. chegar à meia-noite a casa e adormecer bem depois, apesar do cansaço, despertar sem vontade nem vitalidade para sair da cama...
mas dizia que têm sido as situações no trabalho que se vão acumulando também. a falta de organização, de visão a longo prazo e paciência para o desenvolver gradual de um plano, de atividades pensadas com cuidado e com sensatez. há uma pressa constante, mal pensada, nas instituições por onde passei. não sei se é inerente apenas à academia, mas parece-me parte de uma cultura organizacional que é transversal ao país. são equipas mal organizadas, onde falta também o respeito mútuo. onde os egos da senioridade são frágeis e sensíveis. onde reina uma falsa abertura para ideias novas/inovadoras, mas que na prática não podem funcionar, porque a maneira correta de se fazer é como sempre se fez. e não que as situações sejam necessariamente contra mim, mas existem-nas contra outros colegas. vou vendo e sabendo de injustiças que me parecem só de mau gosto e me deixam sem vontade de continuar por cá.
hoje, com mais uma aula pela frente, o caminho fez-se com a mesma (falta de) energia. o pôr do sol era semelhante, e as emoções também. os desabafos destes dias ajudam-me a relativizar as situações e a diminuir um pouco o stress. deixam também uma leve esperança de que estes dias são apenas alguns dias, e que haverá dias melhores. este texto serviu, portanto, o seu propósito.