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#598

Pedro Simão Mendes, em 25.01.14

quisessem os jovens deste país salvá-lo como querem salvar a praxe, já teria havido uma guerra civil.

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às 16:34


4 comentários

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De Picoult a 26.01.2014 às 06:13

É verdade! Desde que comecei a minha licenciatura que vejo gente a defender a praxe com unhas e dentes como nunca tinha visto. É que não se pode dizer que não queremos ser praxados que vêm logo com discussões e filosofias. É mesmo preciso levar com ovos na cabeça para se conseguirem integrar?
O quê que fizeram no secundário para meter conversa na turma?
Enfim, é evitar esta conversa com eles. Falar sobre a praxe com os defensores é o mesmo que ir falar de futebol com a minha tia benfiquista ferranha. Impossível
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De raquel a 26.01.2014 às 14:11

Querida Picoult,

Acho que os ferranhos são alguns anti-praxes e não necessariamente todos aqueles que como eu as defendem. Eu não levei com ovos na cabeça na minha praxe, nem tive de fazer flexões, abdominais, andar de quatro ou como os jovens que tiveram um fim trágico no Meco, que duvido que estivessem em praxe, rastejar com pedras atadas aos tornozelos. No 1º dia de praxe no meu curso (CC na FCSH/UNL) foram dados aos caloiros uma espécie de caderno pessoal, para pendurarmos ao pescoço, onde tínhamos espaço para registar o nosso nome, nome de praxe, cidade de onde viemos, missões e desempenho e uma folha especial para os cuidados a ter com a saúde (alergias, doenças, fobias, etc). Além disso, esse caderno tinha as letras das canções do curso, o programa da praxe (para sabermos tudo o que iríamos fazer e, por isso, podermos desistir antes do momento) e outras informações úteis. Das praxes lembro-me especialmente de cantar, de jogar, de beber e conviver. Gritaram muito comigo é verdade, mas nunca me obrigaram a fazer nada que eu não quisesse nem me trataram mal, muito pelo contrário. Havia um veterano que andava com uma garrafa de sumo de laranja e nos dava a beber quando pedíamos com jeitinho. Havia um doutor, que se tornou meu padrinho, que andava com um borrifador cheio de água e nos refrescava quando pedíamos com jeitinho. No 1º dia de praxe fomos todos pintados com batom e parecíamos uns palhacinhos e gozámos todos uns com os outros e bastou que alguns dissessem que eram alérgicos para os veteranos e doutores recuarem. No 1º dia não pagámos a nossa refeição, mas fomos "obrigados" a comer comida macrobiótica, com ambos os braços atados aos colegas do lado e apenas a faca e a colher de sobremesa disponíveis para usar. Foi a atividade que menos me agradou, porque não comi nada, a não ser um bolo de chocolate que tinha na mala e que devorei assim que fiquei livre e sozinha. Mas olho para trás e sei que foi uma maneira dos caloiros terem de colaborar uns com os outros e arranjarem maneiras originais de passar adversidades e olhe que só eu sei a ginástica que fiz para comer uma sopa, e mesmo assim não pense que não reclamei! Disse a um veterano que aquilo era bom para quem gosta de comida de cão e reclamei com o doutor mais temido que considerava comer apenas com uma faca pouco recomendável e que tinha lido no código de praxe que não podemos fazer nada que ameace a nossa integridade física. Claro que ele não achou piada, mas também não me fez mal. E eu comi o meu bolo à mesma, feliz da vida. De resto foi tudo muito à base de jogar, beber e conviver. Cantei a plenos pulmões, com os meus colegas. Fiz de tartaruga aflita, de granada, de pega-monstros e de Miley a fazer twerk. Joguei ao pónei (fizemos uma roda e cantámos uma canção infantil), ao telefone estragado (tive o azar de me enganar e ter que tirar rebuçados com a boca de uma taça com farinha, mas logo a seguir fui assistida com água e panos para me limpar), jogámos ao macaquinho sexual (é um jogo muito giro, que consiste em fazermos pares, corrermos e fazermos uma posição sexual quando nos mandam parar - podíamos recusar jogar isto, mas não o fizemos, porque levámos na brincadeira e estávamos todos bastante animados), e fizemos muitos outros jogos, alguns envolvendo bebida. Tivemos um rally taskas, em que as bebidas foram todas pagas pelos veteranos e doutores que deram dinheiro para ir almoçar com grupos de caloiros que tinham sido leiloados no dia anterior. O leilão consistiu nos caloiros divididos por grupos, que tinham de cantar ou representar para todos os veteranos e doutores. Inofensivo, como se percebe. Preparar e programar praxes bem organizadas e realmente orientadas para a integração é difícil e os veteranos e doutores dispensaram muito tempo para se certificarem que nós iríamos gostar e usufruir o máximo possível.
Digo com o maior orgulho e convicção que foi das melhores experiências académicas que tive. Conheci a maior parte dos meus colegas, fiz amigos muito especiais e criei uma família. Mal posso esperar para trajar, porque embora considere que todos, a favor da praxe ou não, devem trajar, sei que me vai saber diferente, vai ser mais especial. E quero muito praxar, porque quero ser tão boa veterana e madrinha como têm sido para mim.
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De Ruiva a 26.01.2014 às 16:05

Apesar de neste momento ser caloira da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e ser a favor da praxe, obviamente não qualquer tipo de praxe, tenho de concordar plenamente.
Quando se trata de cortes em salarios e aumento de taxas baixam-se as cabeças e aguenta-se. Quando se trata de acabar (?) com algo que já causou não só a morte dos estudantes no Meco mas muitos mais estudantes, é uma verdadeira revolução.
É neste país que vivemos infelizmente.
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De blackened a 26.01.2014 às 22:21

Bem dito!
Defender a praxe é defender uma hierarquia infundada. Logo, não se pode esperar dos defensores da praxe uma atitude de revolta contra a tirania. Custa-me ver os estudantes completamente conformados com a estrutura da sociedade. Deixam-se facilmente "derrotar" pela imposição de regras, sem sequer as questionarem. «Porquê?» é pergunta ridícula.

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