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as crises são geradoras de criatividade, de mudança, e adaptação. a pandemia mostrou-nos isso num panorama global, mas também no panorama individual. quem não se adapta, fica para trás.
desde o final do meu doutoramento, tenho sentido muito isso. fiquei quatro anos tão centrado naquela investigação que parece que não reparei - nem me adaptei - à mudança do mundo à minha volta. uma dessas mudanças foi precisamente o que é pedido a um investigador para realizar um pós-doutoramento: saber investigar na sua área, saber escrever artigos, mas também saber programar. em vez de se apostar e investir em equipas de investigação multidisciplinares, de forma a otimizar a investigação, pedem-se mil e uma competências numa só pessoa. e depois admiram-se que os jovens investigadores percam a motivação para fazer ciência... ficarei para trás?
para tentar não divagar muito, volto à questão da mudança. tem havido muitas mudanças na minha vida nos últimos meses, e a estabilidade que eu busco no pico dos meus 30 anos, está longe de acontecer (o que é que eu achava que ia acontecer no mundo académico?). em breve - e o quando é para já uma incógnita - devo abandonar braga, a cidade que me viu nascer e crescer. pelo menos, ele virá comigo. temos passado mais tempo juntos, desde que - finalmente - partilhamos um tecto diariamente, o que tem corrido bem (mesmo apesar do meu mau feitio).
com algumas destas e outras mudanças, seria de esperar que também a minha criatividade fluísse, para me ajudar na adaptação. foi uma estratégia usada por mim durante muitos anos, e foi funcionando. mas há meses que não escrevo nada de jeito. parece que a capacidade de escrever poemas (mas não só) simplesmente desapareceu. felizmente para o mundo, há imensos artistas que aproveitam os diferentes tempos de crise para criar algo novo. uns desses artistas são os arcade fire, que lançaram recentemente o seu álbum we, uma grande reflexão sobre a humanidade e sobre o mundo nos dias de hoje. recomendo, e deixo-vos a faixa de abertura, age of anxiety i.