Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]



das irritações do metro

Pedro Simão Mendes, em 06.11.24

   uma das coisas que me irrita mais aqui por lisboa é a estupidez humana no metro. não se enganem, irrita-me muito a estupidez humana na sua generalidade e em diversos contextos. mas, como faço uso diário deste meio de transporte já há mais de dois anos, este particular comportamento humano ganhou um lugar especial no meu top de irritações.

   a verdade é que o metro de lisboa, sobretudo em horas de ponta, vai estando muito cheio. as pessoas devem ficar com medo de não poder sair na sua estação, então aglomeram-se junto das portas. sim, mesmo quando há lugares sentados que poderiam ser ocupados para desimpedir o aglutinado humano, ou nos corredores vagos junto desses bancos. até quando o metro não vai cheio este é o comportamento padrão: ficar junto à porta. e pronto, estaria tudo bem se a pessoa fosse sair na estação seguinte, ou duas estações depois de ter entrado. bom, até seria sensato se fosse dali a três estações. mas não é isso que acontece. mesmo quando as pessoas vão atravessar toda a linha de metro decidem que é melhor ficar junto da porta. não vá o diabo tecê-las e ficarem impedidas de sair...

   pronto, pronto. vamos assumir que é um comportamento humano que é quase inato e é mais forte do que nós. vamos esquecer que as pessoas à nossa volta - literalmente a roçarem os seus corpos nos nossos - existem? é que quando é efetivamente o momento de sair, as pessoas impedem ainda a saída de outras porque não se mexem, ficando ali, só junto da porta. apenas depois de alguém gritar, pedindo licença para passar, é que parecem acordar, comportando-se de seguida como baratas tontas: ai, e para onde vou agora? que maçada, agora tenho de me desviar para esta pessoa conseguir sair? a minha sugestão é simples: sair também, encostando-nos à direita ou à esquerda da porta do metro, mas do lado exterior da carruagem; quando as pessoas que precisavam sair o tiverem feito, basta voltar a entrar. e também acontece o comportamento semelhante, mas para entrar. são as pessoas que, com pressa de entrar no metro, não deixam os passageiros saírem. mais uma vez, a ideia é encostarmo-nos à direita e à esquerda da porta e deixar toda a gente sair; depois entramos. um comportamento que pareceria super simples e um mero ato de civismo é, hoje, atrevo-me a dizer, uma conquista digna de nomeação ao prémio nobel da paz pela humanidade que carrega.

    talvez na origem do problema, a meu ver, esteja um egocentrismo que impede a pessoa de olhar em redor e perceber que há outros à sua volta, para além de si. parece-me algo semelhante se pensarmos nos condutores sem civismo, que não param nas passadeiras, ou ultrapassam pela direita, ou intercetam as filas de trânsito como se fossem os donos daquilo tudo e o seu tempo valesse mais do que o dos restantes seres ali presos; é também algo semelhante ao que acontece quando pessoas ficam  a conversar em frente às portas de qualquer estabelecimento, dificultando a entrada e saída; ou quando se fica a conversar no corredor do supermercado ou de lojas, impedindo que os outros alcancem produtos em determinadas prateleiras. enfim, uma panóplia de contextos em que nós, humanos, criámos um hiperfoco em nós e/ou na interação social em causa, e esquecemos que ainda vivemos em sociedade e que o mundo não gira à nossa volta, e há mais pessoas naquele espaço.

   obviamente também reconheço todas as pessoas que, pelo contrário, são sensíveis aos outros. que reparam e ajustam o seu lugar no espaço e o adequam ao outro, num ato de civismo empático e de uma bondade extrema. aliás, como o é o sair e voltar a entrar na carruagem do metro para as outras pessoas saírem. a todos vocês: saibam que vos vejo e que, se dependesse só de mim, levariam todos o nobel da paz.

Autoria e outros dados (tags, etc)

às 20:50


11 comentários

Imagem de perfil

De Vagueando a 12.11.2024 às 16:06

Caro Pedro

Na verdade concordo em absoluto consigo. Estamos perante a geração mais qualificada de sempre, a mais educada em termos académicos, mas como não se lhes ensinou "bom senso", o que refere é normal.
Por outro lado, acrescento eu, andar nos passeios de Lisboa passou a ser uma actividade radical e perigosa para o peão, trotinetas e bicicletas aparecem de qualquer lado. Sobre isto há cinco situações que me deixam estupefacto;
1-Pais a transportar os seus filhos nas trotinetas para os deixar nas escolas, de manhã cedo é fácil presenciar isto junto a escolas (é um pésssimo exemplo para a´criança, já para não falar do risco, uma vez que não podem circular duas pessoas nestes veículos)
2-Escursões guiadas por operadores turísticos em Lisboa (já escrevi aqui um post sobre isso) com recurso a bicicletas eléctricas e segways, que circualm nos passeios, passadeiras e praças.
3-A Policia Municipal assiste a tudo isto e não actua, valida a infração ao não fazer nada quando estes veículos usam os passeios para circular.
4-Há uns dias fiz uma visita a várias seguradoras com o objectivo de apurar se era possível fazer um seguro de responsabilidade civil para o uso de trotinetas na estrada. Não, não fazem, apenas fazem de acidentes pessoais para o condutor.(cada vez há mais gente a compra-las e usa-las no dia a dia)
5-Se for atropelado num passeio por uma trotineta e o condutor fugir, como se o identifica?
Sem imagem de perfil

De Anónimo a 12.11.2024 às 20:55

Há um problema com os portugueses pois havendo assuntos importantes, falam no que é insignificante. E estes assuntos insignificantes interessam como diversão para iludir as pessoas. Está a dizer "o mundo não gira à nossa volta" num blog, quando nos blogs vemos vários que acham que sim. Eles acham que são muito importantes e que sabem tudo!
Sem imagem de perfil

De s o s a 12.11.2024 às 23:05

o post parece ate longo para o assunto, a dada altura ganha novo folego, porque, afinal , nao é so no metro.
E tá bem pensado o premio nobel.
Caso de hoje : ia num passeio estreito onde estavam duas avos e o filho de uma em grupo, parados em conversa. Pois uma das avos ao ver-me aproximar tratou ela propria de encolher o grupo para eu poder passar.
Agora o que segue é a sério mas a brincar : e nao o irritam aquelas pessoas que se plantam na porta do metro e estao sempre a impedir que a porta feche pois está sempre a chegar mais alguem ?
Imagem de perfil

De Leitor Improvável a 12.11.2024 às 23:45

O meu meio de transporte preferido em Lisboa: bicicleta.
Em 45 minutos atravesso a cidade, não tenho filas de trânsito, não dou dinheiro a ganhar ao oligopólio petrolífero, faço exercício à pala, não poluo o ambiente (não utilizo bicicleta eléctrica) e, o que é mais, dá-me um gozo enorme.
Fiz um seguro aqui, passe a publicidade: https://www.fpcub.pt/
A segunda alternativa: andar a pé, com as mesmas vantagens descritas, e sem o inconveniente de ter de investir numa bicicleta, ou gastar dinheiro nas GIRAS ou quejandos.
Boas leituras

Imagem de perfil

De Vagueando a 13.11.2024 às 16:43

Fui ciclista usei esse seguro anos a fio, infelizmente tive que abandonar a bciclieta por questões de saúde. Contudo, nem tudo são rosas no uso da bcicleta,a saber;
1-Fazer exercicio físico ao lado de carros a combustão certamente não é benéfico para a saúde.
2-O seguro não cobre acidentes resultantes do uso da bicileta fora das ciclovias ou da estrada e cada vez mais vejo ciclistas a circualr no passeio e atravessar ruas com sinal vermelho.
3-O trasnporte da bicicleta para quem não reside na cidade não é fácil ou, melhor dizendo, é incómodo, ocorrendo o mesmo problema para a largar junto ao local de trabalho.
4-O uso de bcicletas dobráveis (pesadas) e de rodas pequenas é desconfortável.
5-Por fim pedalar com a roupa de trabalho não é nada prático, sendo mesmo desconfortável.
Obviamente que não critico quem usa a bicicleta nem quero aqui denegrir este meio de trasnporte, apenas considero que a forma abusiva como a mobilidade suave está a ser usada causa muitos acidentes, alguns bastante graves, incluindo a peões que circualm nos passeios.
Boas viagens
Sem imagem de perfil

De Anónimo a 13.11.2024 às 09:21

Nem todos sabem andar de bicicleta ,e gostava de te ver ir de Odivelas até ao Chiado a pé porque a sugestão de andar a pé é bonita mas nem sempre é pratica
Sem imagem de perfil

De Anónimo a 13.11.2024 às 10:26

E porque não colocar letras maiúsculas após cada ponto final? É para não chegares atrasado ao Metro...?
Sem imagem de perfil

De Anónimo a 13.11.2024 às 22:14

Não sei ao que falas mas deves ser um barra botas da esquina,
Perfil Facebook

De Antonio Lopes a 13.11.2024 às 14:17

Estamos em PORTUGAL.
Eles são os PORTUGUESES.
Excepções?
Só confirmam a regra.
Sem imagem de perfil

De João a 13.11.2024 às 17:30

.. E malta com mochilas às costas no metro à pinha? Isso é que me tira do sério.. será que não dá para perceber o quão impraticável é andar desta forma com tão pouco espaço disponível? e quanto a saídas de carruagens experimentem sair do comboio em direcção a Sintra em entrecampos a partir das 5 da tarde.. isso é que é um desporto radical..
Imagem de perfil

De Vagueando a 13.11.2024 às 21:41

Ou em Sete Rios.

Comentar post




mensagens

pesquisar

  Pesquisar no Blog