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do intercâmbio: parte I

Pedro Simão Mendes, em 20.07.17

entre os dias 2 e 12, tive a oportunidade de participar num intercâmbio para jovens voluntários da juventude cruz vermelha, na letónia. este é um breve relato dos meus dias por lá.

 

domingo, 2 de julho

o dia começou mal: descansei demais, que é como quem diz, adormeci. no caminho, já atrasado, o pai decide ir pelo percurso mais demorado. a mãe sempre a fazer comentários inoportunos, e a minha ansiedade/irritação crescia exponencialmente. nesse momento, apercebo-me do erro crasso, de principiante, que cometi: esquecera-me dos bilhetes em casa (precisava deles impressos para o reembolso do valor da viagem). discutir em conjunto. voltar a casa para ir buscar os bilhetes, correr para o aeroporto. não me atrasei muito. cheguei a tempo de encontrar os outros portugueses na segurança.

o primeiro contacto foi fácil de fazer: pareceram-me todos simpáticos, ou minimamente acessíveis, desde o início. esperávamos junto à porta de embarque quando um aviso soou, informando-nos de um atraso devido a problemas técnicos. quarenta e cinco minutos de espera para novas informações: uma peça em falta, agora a caminho do porto, saída de lisboa. o atraso prolongava-se. tínhamos mais dois vôos pela frente, e a nossa primeira escala era de apenas 1h50, pelo que o nosso pânico escalou. ah, é verdade...o problema técnico? só grave por ser ilegal: faltava uma tampa para a luz de uma das saídas de emergência. já no avião, foi-nos dito que a peça tinha acabado de chegar, e a sua substituição seria muito rápida. não foi. o atraso totalizou cerca de duas horas e, por isso, perdemos os vôos de escala.

em genebra, a nossa chefe de equipa, incansável, ligou com a empresa onde reserváramos os bilhetes e, depois de muito stress e exploração de alternativas, a solução foi encontrada: passar a noite em varsóvia, polónia, e ir apenas no dia seguinte para riga. o custo? perder um dia do intercâmbio. felizmente, a companhia da reserva pagou também o hotel.

no tempo de espera, fomo-nos conhecendo um pouco, partilhando a adrenalina desta aventura, que acabara de começar em grande. chegados a varsóvia, jantámos no sítio mais familiar (e também mais barato) para nós: mcdonald's. depois de energias carregadas, uma viagem de uber até ao hotel, onde um aguardado descanso nos esperava.

Equipa tuga em Genebra

 

segunda, 3 de julho

uma vez que o vôo varsóvia-riga era apenas às 15h20, decidimos visitar o centro histórico de varsóvia durante a manhã. no pouco tempo que tínhamos, passeámos um pouco, e tirámos algumas fotos. uber até ao aeroporto, com bastante tempo para o caso de haver atrasos. mais uma aventura: descobrir que os nossos bilhetes estavam em "stand-by" e que possivelmente teria havido overbooking: apenas 2 de nós tinham a certeza de que embarcariam. correr para a segurança, muito demorada. passado este obstáculo, almoçar no mc (again). correr para a porta de embarque, com a comida atrás de nós, e implorar que nos deixassem embarcar. quando, finalmente, nos atribuíram lugares, o alívio que senti foi inexplicável. íamos, afinal, para riga!

a viagem foi curta, mas não sei um ligeiro atraso. atraso suficiente para nos deixar receosos em perder o autocarro que nos levaria para a região onde ficaríamos alojados. sair do aeroporto às 18h30 para apanhar um autocarro às 19h15, sendo que a viagem aeroporto-estação de autocarros demoraria cerca de 40min. os taxistas fizeram a viagem em 15 minutos. deu tempo para comprar algo para comermos no autocarro. já dentro do autocarro, enfrentámos uma viagem de 2 horas, preenchidas por conversas, e jogos parvos (tipo "would you rather?") para nos conhecermos melhor. trocar de autocarro em smiltene, e enfrentar mais uma viagem de cerca de 30min.

finalmente, purgaili: um retiro em bungalows no meio da floresta. tinham guardado jantar para nós, mostraram-nos os quartos. mudaram a noite intercultural para não a perdermos, e substituíram-na por uma noite livre com direito a sauna e jacuzzi (sem as bolhinhas). foi uma noite perfeita para relaxarmos depois de todo o stress dos primeiros dias. o jacuzzi foi também um contexto para ir conhecendo alguns dos participantes de outros países, que pareceram, à partida, muito porreiros.

ir descansar por volta da uma da manhã, depois de escutrar o silêncio apaziguador da floresta em nosso redor, numa noite clara, porque a semana ameaçava-se cansativa.

 

Varsóvia

Purgaili

As "noites" no norte da Letónia

 

 

terça, 4 de julho

a manhã começou cedo. quero dizer, a noite é que nunca chegou: os letões parecem não conhecer o conceito de persianas e, como no verão as noites são mesmo muito curtas, não chega a escurecer totalmente. fui dos primeiros a acordar, o que me permitiu tomar um banho quase descansado, numa casa-de-banho com janelas e cortina de chuveiro transparentes. tomar o pequeno-almoço pelas 9h, e perceber que não tenho rede em quase nenhum local daquele retiro e o wi-fi existente (sim, tínhamos wi-fi) era muito lento.

começar o trabalho às 10h, com apresentações das equipas da juventude cruz vermelha das diferentes nacionalidades explicando o que cada uma faz no âmbito da intervenção com crianças e jovens. discussão das apresentações até cerca das 13h30, hora de almoço. partida para aluksne, onde nos dividimos por país para ensinar alguns jogos típicos a crianças órfãs, que iriam passar a tarde connosco numa instituição desportiva. desafio: ensinar o jogo do lenço a cerca de 20 miúdos letões, pelo que tive de aprender os números em letão.

ainda em aluksne, visitámos uma instituição que trabalha com crianças e jovens, e ainda tivemos tempo de visitar um pouco da vila, que tinha um gigantesco parque numa ilha no meio de um lago. estava sol, pelo que o passeio foi muito agradável. na viagem de regresso, houve oportunidade de trocar impressões com a equipa da letónia, numa conversa bastante aprazível. chegados a purgaili, jantámos e tivemos a nossa primeira noite intercultural.

a estónia e a letónia foram os primeiros países a partilhar parte da sua cultura, e curiosidades sobre os seus países. uma vez que não conhecia quase nada destas nações, foi uma noite bastante divertida, sobretudo por termos tentado danças tradicionais de cada um dos países.

 

Meeting

quarta, 5 de julho

a manhã de quarta-feira ficou marcada pela introdução de fruta variada ao pequeno-almoço. menciono isto porque havia algumas pessoas vegetarianas, e uma portuguesa vegan. o típico pequeno-almoço letão é maioritariamente à base de...carne. a organização teve sempre o cuidado de introduzir produtos mais internacionais, como queijo, diferentes tipos de pão, leite, café, e cereais (para além de papas de aveia que levavam claras de ovo cruas).

de volta à programação do intercâmbio, houve novamente apresentações, desta vez sobre intervenção com jovens institucionalizados com problemas judiciais/prisões para jovens. houve também uma actividade interessante, para todos se conhecerem melhor (frases do tipo "I am joyful for..." que tínhamos de completar, e depois partilhar com o grande grupo). depois da discussão, e do almoço, partimos de autocarro para visitar uma instituição de ensino alternativo para jovens criminosos, que ali encontravam uma alternativa à prisão. se quiserem saber mais: aqui.

de volta a purgaili, seguiu-se a noite intercultural dos países baixos, e da áustria. foi uma noite muito divertida, com actividades criativas de ambos os países, seguida de uma noite acolhedora junto a uma fogueira, onde cantámos juntos. a equipa dos países baixos ofereceu um saquinho da sua delegação a todos os outros.

RedCross_The Netherlands

quinta, 6 de julho

este dia foi dedicado ao tópico da intervenção da cruz vermelha nas áreas de saúde, primeiros socorros, e emergência. depois de algumas apresentações e discussão, fomos dividimos em equipas, onde tivemos de organizar uma actividade para ensinar primeiros socorros a crianças. uma das actividades seria posta em prática nessa tarde, depois de escolhida por todos.

os elementos da minha equipa eram algo peculiares, pelo que a comunicação foi algo complicada, sobretudo no início. uma vez que esta actividade nos obrigou a ser muito mais autónomos, vieram ao de cima alguns mini conflitos durante a discussão geral. felizmente, tudo se resolveu: escolhemos uma actividade para realizar, e depois do almoço, partimos para um acampamento de férias onde cerca de 20 crianças nos esperavam para realizarmos algumas actividades. embora a minha equipa tenha começado muito mal, o balanço da actividade foi, na verdade, bastante positivo, assim como o feedback que obtivemos das crianças.

no final, ainda tivemos tempo de visitar um supermercado para tentar comprar ingredientes para nos aventurarmos a fazer aletria (enganámo-nos a comprar algo que pensámos ser canela!), e fazer uma breve caminhada na floresta. a viagem de autocarro de volta foi longa, e demorada. depois do jantar, estávamos todos cansados, pelo que a terceira e última noite intercultural foi, por si só, difícil.

depois da equipa alemã, os portugueses tentaram apresentar algumas curiosidades que achámos interessantes, mas que se tornaram aborrecidas. não falámos de metade do que queríamos ter falado, e então passámos para a comida que trouxéramos. foi um sucesso! chouriço assado, alheira, queijo da serra, suspiros, tremoços, pastéis de feijão, cavacas, rebuçados peitorais e flocos de neve, e aletria. todos ficaram deliciados, e a aletria foi que nem um mimo. a noite acabou demasiado tarde, porque no dia a seguir sairíamos cedo para visitar riga, a capital.

Portuguese food

 

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às 12:00




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